Poesia sim...

A PalavraEleva-se entre a espuma, verde e cristalina 
e a alegria aviva-se em redonda ressonância. 
O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível 
que reconhece e inventa a pluralidade delicada. 
Ao longe e ao perto o horizonte treme entre os seus cílios. 

Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo 
da coisa nomeada. O rosto da terra se renova. 
Ela aflui em círculos desagregando, construindo. 
Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na língua. 
Sobre si enrola o anel nupcial do universo. 

O gérmen amadurece no seu corpo nascente. 
Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo. 
Move-se aqui e agora entre contornos vivos. 
Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo. 
Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Lenda de Celorico de Basto : “Justiça popular...na Villa de Basto"

Livro da semana: "Um problema muito enorme"

Livro da semana: "Cinzas de Sabrina"