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A mostrar mensagens de janeiro, 2013

Poesia sim...

A Minha Tragédia Tenho ódio à luz e raiva à claridade Do sol, alegre, quente, na subida. Parece que a minh’alma é perseguida Por um carrasco cheio de maldade! Ó minha vã, inútil mocidade, Trazes-me embriagada, entontecida! ... Duns beijos que me deste noutra vida, Trago em meus lábios roxos, a saudade! ... Eu não gosto do sol, eu tenho medo Que me leiam nos olhos o segredo De não amar ninguém, de ser assim! Gosto da Noite imensa, triste, preta, Como esta estranha e doida borboleta Que eu sinto sempre a voltejar em mim! ... Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

Livro da semana: "Á espera de Moby Dick"

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À Espera De Moby Dick de Nuno Amado Edição/reimpressão: 2012 Editor: Oficina do Livro   Sinopse Um desgosto avassalador leva um lisboeta a refugiar-se numa enseada perdida dos Açores para cumprir um velho sonho: avistar baleias. Enquanto espera pela chegada dos gigantes marinhos, ocupa os dias naquele lugar dominado pelo ruído do oceano a tentar reencontrar-se e a escrever cartas para o seu melhor amigo, contando-lhe o fio dos seus dias no exílio, mas também para destinatários tão improváveis como o Instituto Nacional de Estatística, o boxeur português com mais derrotas acumuladas ou um guru de auto-ajuda de sucesso planetário. À medida que o tempo passa, consegue vencer a solidão absoluta que impôs a si próprio e estabelece contacto com os seus poucos vizinhos, como um alemão bem-humorado, que todos os dias sai sozinho para o mar, e um casal de reformados oriundo do continente, que recebe cartas do filho dos mais variados lugares do mundo. Depressa descobre que, naque

Poesia sim...

Contemplação Sonho de olhos abertos, caminhando Não entre as formas já e as aparências, Mas vendo a face imóvel das essências, Entre idéias e espíritos pairando... Que é o mundo ante mim? fumo ondeando, Visões sem ser, fragmentos de existências... Uma névoa de enganos e impotências Sobre vácuo insondável rastejando... E d'entre a névoa e a sombra universais Só me chega um murmúrio, feito de ais... É a queixa, o profundíssimo gemido Das coisas, que procuram cegamente Na sua noite e dolorosamente Outra luz, outro fim só presentido... Antero de Quental, in "Sonetos"

Livro da semana: "Memórias de céu e inferno"

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Memória de Céu e Inferno de A. Passos Coelho Edição/reimpressão: 2012 Páginas: 300 Editor: Fronteira do Caos   Sinopse O inferno é uma invenção pré-histórica de certo fanatismo religioso, destinado ao suplício de almas malvadas. O paraíso fora concebido para premiar eternamente as almas boas; localiza-se no céu, em sítio incerto. Não obstante os avanços tecnológicos no domínio da astronáutica, ainda se não vislumbrou o preciso lugar desse almejado destino das almas sãs, cujos corpos se finaram. Do inferno nunca nenhum sábio ousou definir a topografia, e não existe notícia de que alguém se tenha interessado em descobrir-lhe o paradeiro. Por mim, creio que o inferno é nesta vida e não está equipado com caldeirões efervescentes, terríficos braseiros, sofisticados aparelhos flageladores. Cada pessoa pode ter o seu inferno. O meu foi a fome, o frio, a miséria que vivi até aos oito anos num casebre imundo de Peneda…. Completamente alheio à tragédia que assolava a Europa, co

Poesia sim...

Contemplo o que não Vejo Contemplo o que não vejo. É tarde, é quase escuro. E quanto em mim desejo Está parado ante o muro. Por cima o céu é grande; Sinto árvores além; Embora o vento abrande, Há folhas em vaivém. Tudo é do outro lado, No que há e no que penso. Nem há ramo agitado Que o céu não seja imenso. Confunde-se o que existe Com o que durmo e sou. Não sinto, não sou triste. Mas triste é o que estou. Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Livro da semana: "O fotógrafo da madeira"

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O Fotógrafo da Madeira de António Breda Carvalho Edição/reimpressão: 2012 Páginas: 300 Editor: Oficina do Livro   Sinopse Madeira, 1ª metade do séc. XIX, o patriarca de uma família produtora de vinho da Madeira vê-se obrigado, face ao contexto político, a enviar o seu herdeiro para Paris. Passados cerca de vinte anos, Afonso Ayres Drumond regressa à ilha na qualidade de cônsul francês e com o intuito de gerir o negócio dos pais falecidos. Depara-se, então, com uma realidade muito diferente da de uma França marcadamente liberal, cosmopolita e industrializada. Afonso encetará uma série de diligências de desenvolvimento da região no sentido de estreitar as relações entre a Madeira e a França, estimular o crescimento económico e melhorar as condições sociais da população. Esta missão custará um rol infinito de inimigos. A par do enredo surge a história de amor entre Afonso e Laura, a filha do feitor que, apesar de pertencer a uma classe inferior à de Afonso, recebeu uma e

Livro da semana: "Estilo, disse ela"

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  Estilo, disse ela Para que as dúvidas sobre o que vestir fiquem no armário de Ana Garcia Martins Edição/reimpressão: 2012 Páginas: 256 Editor: Matéria Prima   Sinopse Vai conhecer os seus futuros sogros? Vai dar de caras com a actual namorada do seu ex? Vai à bola pela primeira vez? Vai a uma entrevista de emprego? Está com insónias por não saber o que vestir? Não desespere. Ana Garcia Martins ajuda-a a encontrar o estilo que melhor se adequa a qualquer situação. Porque o importante é termos noção do nosso corpo e saber tirar o melhor proveito possível dele, saia do armário e aprenda a estar bem. «A ideia de que tamanhos acima dos 40 têm de se enfiar em sacas de batatas já lá vai há muito, e não faltam por aí cheiinhas que dão 15 a zero a muitas meninas escanzeladas.» «Não a vale a pena guardar tudo o que comprou desde 1970 (…) é verdade que a moda é cíclica, (…) mas não volta igualzinha ao que era. As tendências repetem-se, mas como reinterpretações e não

Poesia sim...

Adeus Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mãos à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro; era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes. E eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, era no tempo em que o teu corpo era um aquário, era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastámos as palavras. Quando agora digo: meu amor , já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza

Boletim Informativo Janeiro 2013

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