Dia Internacional do Livro Infantil
Com o objetivo de promover o gosto pela leitura
junto dos mais novos, comemora-se a 2 de Abril – data de aniversário do
escritor Hans Christian Andersen – o Dia Internacional do Livro Infantil.
A DGLB assinala esta data com a publicação de um
cartaz da autoria de Yara Kono,
vencedor da 15ª edição do Prémio
Nacional de Ilustração.
Mensagem do Dia
Internacional do Livro Infantil
Era uma vez um conto que contava o mundo inteiro
Era uma vez um conto que contava o mundo inteiro. Na
verdade não era só um, mas muitos os contos que enchiam o mundo com as suas
histórias de meninas desobedientes e lobos sedutores, de sapatinhos de cristal
e príncipes apaixonados, de gatos astutos e soldadinhos de chumbo, de gigantes
bonacheirões e fábricas de chocolate. Encheram o mundo de palavras, de
inteligência, de imagens, de personagens extraordinárias. Permitiram risos,
encantos e convívios.
Carregaram-no de significado. E desde então os contos
continuam a multiplicar-se para nos dizerem mil e uma vezes: “Era uma vez um
conto que contava o mundo
inteiro…”Quando lemos, contamos ou ouvimos contos,
cultivamos a imaginação, como se fosse necessário dar-lhe treino para a mantermos
em forma. Um dia, sem que o saibamos certamente, uma dessas histórias entrará
na nossa vida para arranjar soluções originais para os obstáculos que se nos
coloquem no caminho.
Quando lemos, contamos ou ouvimos contos em voz alta,
estamos a repetir um ritual muito antigo que cumpriu um papel fundamental na
história da civilização: construir uma comunidade. À volta dos contos reuniram-se
as culturas, as épocas e as gerações, para nos dizerem que japoneses, alemães e
mexicanos são um só; como um só são os que viveram no século XVII e nós mesmos,
que lemos um conto na Internet; e os avós, os pais e os filhos. Os contos
chegam iguais aos seres humanos, apesar das nossas grandes diferenças, porque
no fundo todos somos os seus protagonistas.
Ao contrário dos organismos vivos, que nascem,
reproduzem-se e morrem, os contos são fecundos e imortais, em especial os da
tradição oral, que se adequam às circunstâncias e ao contexto do momento em que
são contados ou rescritos. E são contos que nos tornam seus autores quando os recontamos
ou ouvimos.
E também era uma vez um país cheio de mitos, contos e
lendas que viajaram durante séculos, de boca em boca, para mostrar a sua ideia
de criação, para narrar a sua história, para oferecer a sua riqueza cultural,
para aguçar a curiosidade e levar sorrisos aos lábios. Era igualmente um país
onde poucos habitantes tinham acesso aos livros. Mas isso é uma história que já
começou a mudar. Hoje os contos estão a chegar cada vez mais aos lugares
distantes do meu país, o México. E, ao encontrarem os seus leitores, estão a
cumprir o seu papel de criar comunidades, de criar famílias e de criar indivíduos
com maior possibilidade de serem felizes.
Francisco Hinojosa
(trad. Maria Carlos Loureiro)
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