Carta ao Mar Deixa escrever-te, verde mar antigo, Largo Oceano, velho deus limoso, Coração sempre lyrico, choroso, E terno visionario, meu amigo! Das bandas do poente lamentoso Quando o vermelho sol vae ter comtigo, - Nada é mais grande, nobre e doloroso, Do que tu, - vasto e humido jazigo! Nada é mais triste, tragico e profundo! Ninguem te vence ou te venceu no mundo!... Mas tambem, quem te poude consollar?! Tu és Força, Arte, Amor, por excellencia! - E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia; - A Musica é mais triste inda que o Mar! António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul'